Retinopatia diabética: Principal causa de cegueira entre os diabéticos.

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Essa matéria contém tudo o que você precisa saber sobre a retinopatia diabética a complicação que é motivo de alerta entre os médicos e que ameaça cegar quem tem alto níveis de glicose no sangue!

Veja nessa matéria, quais atitudes tomar!

A visão

óculos colocados sobre um livro, mais livros aos fundo.
Saiba como funcionam os seu olhos e a visão.

Já falei aqui no blog, em uma matéria sobre as complicações da diabetes que essa doença compromete a circulação sanguínea no nosso organismo, podendo causar várias complicações.

Antes de mais nada, vou explicar o básico sobre nossos olhos pra que você entenda como a retinopatia diabética acontece.

Sabemos que a princípio o olho é responsável pela nossa visão, certo?

No entanto para que sua capacidade de enxergar seja plena, as várias estruturas e processos desempenhados por esse órgão precisam acontecer.

Quando olhamos para algo, na verdade o que vemos são raios de luz desse objeto, que são refletidos para a córnea (parte anterior ao olho).

E é aí que tudo começa e as outras partes do olho se envolvem no processo. Uma dessas partes é a retina, importantíssima! Já explico porquê.

A retina

A retina fica posicionada na parte interna do olho, principalmente porque ela é bem delicada. Entre outras coisas suas responsabilidade é receber o raio de luz e transformá-lo em um impulso nervoso.

Esse “impulso” é enviado para o cérebro através do nervo óptico e assim, o cérebro consegue ler o impulso e converte-lo em visão.

Pense assim, nós olhamos para algo. Depois disso essa imagem percorre várias partes do olho, cada uma responsável por uma coisa até chegar na retina.  

A retina recebe a imagem, projeta o que nós enxergamos como numa tela de cinema e traduz o que está passando na tela para o cérebro, que por sua vez, decidi o que fazer com ela.

Sensacional, não é mesmo?! Sim! O funcionamento harmônico de todas as estruturas dos olhos é essencial para que a visão seja perfeita.

No entanto, como falei aqui acima, a diabetes pode trazer complicações em diversas partes do corpo e uma dessas partes são os olhos e como resultado a visão, tudo isso pela retinopatia diabética.

O que é retinopatia diabética?

Foto super aproximada de um olho sob luz focal.
Porque a retinopatia diabética é um perigo?

Vamos voltar algumas casas aqui para lembrar que quando você tem hiperglicemia crônica (níveis altos de açúcar no sangue com frequência) por causa da diabetes, outros diversos sistemas do corpo são atacados, um deles é a circulação do sangue de maneira geral.

Pois bem, a hiperglicemia crônica causada pela diabetes vai começar a criar um “machucado” na parede dos vasos sanguíneos encontrados no fundo dos olhos, mais especificamente na retina, daí o nome da complicação, retinopatia.

Com o passar do tempo, a doença evolui, os vasos vão sendo bloqueados e o oxigênio não chega o suficiente nas células. Com isso, o corpo entende que novos vasos precisam ser criados.

Porém, esses novos vasos costumam ser fraquinhos e com defeitos e estouram com facilidade. Então, pequenos volumes de sangue vão começar a circular pelos olhos e isso sim faz a perda da visão.

A retinopatia diabética pode ser dividida em fases, cada estágio tem gravidade maior que o anterior, comprometendo a saúde ocular.

Essas fases são:

  1. Retinopatia diabética não proliferativa leve – Só algumas lesões chamadas de microaneurismas, que são pequenas dilatações das veias e também alguns vasos entupidos, isso faz com que algumas partes da retina fiquem sem oxigênio e as nossas células precisam dele para viver.
  2. Retinopatia diabética não proliferativa moderada – Neste estágio, o número de lesões aumenta em relação ao primeiro. Pense que aqui as lesões que acabei de citar aumentaram, então são mais veias entupidas, menos oxigênio chegando para as células e a visão piorando.
  3. Retinopatia diabética não proliferativa grave – Aqui geralmente são mais de 20 sangramentos graves na retina.
  4. Retinopatia diabética proliferativa – Nesse estágio existe a presença de novos vasos fracos e hemorragias. Se acontecer hemorragia pode haver perda grave da visão ou até mesmo cegueira.

Mas porque a retinopatia diabética é um perigo?

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) mostra a retinopatia diabética como uma das principais complicações relacionadas ao diabetes e a principal causa de cegueira em pessoas com idade entre 20 e 74 anos.

Ainda segundo a SBD, após 20 anos de doença, mais de 90% dos diabéticos tipo 1 e 60% com o tipo 2 apresentarão algum grau de retinopatia.

Ainda não temos estudos que apontem exatamente a prevalência de pessoas com retinopatia diabética, porém estima-se que dois milhões de brasileiros apresentam algum grau de retinopatia.

De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, os diabéticos apresentam  vinte e cinco vezes mais chances de perder a visão do que as pessoas não diabéticas.

O risco de cegueira diminui em 5% quando o diagnóstico é realizado cedo.  Assim a doença é tratada corretamente e pacientes que se cuidam e controlam a diabetes tem 76% chances de não desenvolver a retinopatia, isso de acordo com as Diretrizes de Retinopatia Diabética da SBD.

Da mesma forma, um estudo publicado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul aponta que os principais riscos para desenvolvimento da retinopatia diabética são o descontrole com a glicemia e a pressão arterial elevada.

Inclusive escrevi, outra matéria sobre hiperglicemia que falava sobre esse risco.

A retinopatia diabética pode ser sinônimo de outras doenças como:

Edema macular diabético – A mácula é também uma estrutura dos olhos que fica na região central da retina.

Falei anteriormente que com a formação de novos vasos enfraquecidos e com defeitos, pode acontecer o excesso de sangue, quando esse sangue transborda e atinge a mácula, acontece o que é o que chamado de edema macular diabético, fazendo com que a visão fique permanentemente borrada.

Glaucoma neovascular – De acordo um artigo publicado no Arquivo Brasileiro de Oftalmologia, o glaucoma neovascular é um tipo de glaucoma secundário e um dos mais difíceis de ser tratado.

Tem como característica o aparecimento de novos vasos e tecidos fibrosos na íris e no seio camerular dos olhos, com isso, a pressão dos olhos aumenta muito.

Descolamento de retina – Isso acontece quando a retina se separa do fundo do olho.

O descolamento de retina pode ser considerado uma emergência médica e precisa de tratamento imediato, pois pode levar a perda da visão.

Ou seja, acompanhamento e cuidado é tudo!

Sintomas da retinopatia diabética

Segundo o National Eye Institute (NEI) nos estágios iniciais pode ser que você não sinta nada de anormal e caso os sintomas aconteçam, serão mais discretos como por exemplo a dificuldade para ler ou de ver objetos mais distantes.

Entretanto alguns sintomas podem indicar que algo não vai bem com a saúde dos seus olhos. Fique atento se apresentar os sintomas abaixo:

  • Visão borrada;
  • Dificuldade em focar objetos;
  • Pontos escuros ou flutuantes que se parecem com teias de aranha.

Esses sintomas estão ligados com o comprometimento dos vasos, por isso, quando perceber que alguma coisa não vai bem com a saúde da visão, consulte um médico.

Exames

Primeiramente, você sabia que existe um especialista dedicado ao cuidado da retina?

Sim! Ele é o retinólogo, um médico oftalmologista que foca seu tratamento na retina, ele é o mais indicado para diagnosticar a retinopatia diabética e a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo recomenda que o diabético faça acompanhamento com este especialista.

Se você ainda não teve a chance de se consultar com um retinólogo, comece conversando com seu oftalmologista!

Entretanto, para saber como vai a saúde da sua retina, o médico vai precisar fazer exames

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específicos para conseguir visualiza-la. Veja aqui embaixo alguns deles:

A fundoscopia ocular é um dos exames que podem ser feitos para verificar a saúde da sua retina. Neste exame será possível verificar as veias, artérias e nervos da retina.

Normalmente, para facilitar e melhorar a visão da retina, o médico aplica um colírio para dilatar a pupila do paciente.

A retinografia de fundo de olho ou fotografia do fundo de olho é outro exame que pode ser realizado como ferramenta no momento do diagnóstico.

Basicamente é uma foto da retina, tirada com uma câmera especial, isso porque ela verifica o surgimento de novos vasos sanguíneos.

Esse procedimento é preferido não para o diagnóstico mas também para acompanhar casos de retinopatia diabética

O médico pode também solicitar um exame de tomografia de coerência ótica – esse exame é muito preciso para detectar alterações na retina e edemas maculares.

O tratamento da retinopatia diabética

Como você já descobriu, a retinopatia tem 4 estágios de complicação. E o tratamento da doença vai depender de onde você se encontra nessa classificação.

De todo modo as principais possibilidades de tratamento são:

Medicamentos, que atuarão inibindo fatores de crescimento endotelial vascular, ou seja, são remédios que auxiliam a inibir a formação de novos vasos.

Vale lembrar também que em qualquer etapa, o acompanhamento médico e o controle da diabetes, seja com medicamento e/ou insulina e alimentação são fundamentais.

E a fotocoagulação a laser, que consiste em utilizar um raio laser na retina para “selar” os vasos sanguíneos já existentes, reduzindo o surgimento de novos vasos anormais e evitando o descolamento da retina.

Este procedimento é considerado ambulatorial e não precisa ser durante internação.

Vitrectomia, é um outro tratamento que consiste em uma cirurgia para remover o vítreo que é uma espécie de gelatina transparente que preenche grande parte do interior do nosso olho e tem a função de amortecer.

Após realizada a vitrectomia, o médico consegue verificar o lugar exato onde a retina precisa de reparo.

Esse procedimento é necessário por diversos motivos e segundo Centro Cirúrgico de Coimbra/Portugal, um deles é o desenvolvimento do edema de mácula, do qual falamos.

É importante lembrar que o tratamento mais adequado para seu caso será decidido em conjunto com seu médico, depois do diagnóstico, dos exames e uma longa conversa para tirar todas as dúvidas.

Tem como prevenir a retinopatia diabética?

A boa notícia é que sim! É possível prevenir a retinopatia diabética. E todo diabético deveria adotar essas medidas.

O melhor caminho é manter os níveis de açúcar do sangue o mais próximo da faixa de normalidade possível. Mas, você sabe como fazer isto?

Antes de mais nada siga o tratamento proposto pelo médico.

Depois adote uma alimentação balanceada, que ajude na redução da hiperglicemia e a manter os níveis de pressão arterial dentro do normal, além disso, pratique atividades físicas frequentes.

Também é importante acompanhar os níveis de gordura no sangue, como o colesterol por exemplo.

Perceba que é a prevenção é um conjunto de fatores, e se você optar por trilhar esse caminho, vai ter outras melhoras na sua saúde de modo geral e não só dos olhos.

# Dicas da nutri

Nutricionista faz anotações em um papel, no fundo há uma grape fruit, um copo de água e um notebook.
Confira as dicas da nossa nutricionista para proteger sua visão.

Falando especificamente da alimentação, existem hábitos simples que podem te ajudar a controlar a hiperglicemia e prevenir possíveis complicações.

Após o diagnóstico de diabetes, pode ser que você fique ansioso em relação à alimentação, por isso, o quanto antes puder ir visitar um nutricionista, melhor!

Assim você tira todas as suas dúvidas com um profissional especializado e começa o tratamento dietoterápico (com dieta).

Pra começar você pode anotar suas dúvidas e levá-las no dia da consulta, para não esquecer de nada.

Porém, antes de ver um o nutricionista você pode tomar algumas dessas atitudes aqui embaixo:

– Observe os sinais. Está com fome? Está satisfeito? Baseado nisso procure manter regularidade no que come, para evitar hipoglicemia (baixos níveis de açúcar) ou hiperglicemia (altos níveis de açúcar).

– Dê preferência a alimentos integrais, uma vez que as fibras auxiliam no controle glicêmico e no trânsito intestinal, além de outros benefícios.

– Procure ter sempre uma porção de leguminosa nas refeições principais (café, almoço e jantar), esse grupo de alimentos auxilia no controle da glicemia. E quem são as leguminosas? Feijões, ervilha, lentilha, grão de bico…entre outros.

– Quando o assunto é adoçante, existem vários tipos disponíveis no mercado, então o melhor é conversar com um profissional para escolherem juntos e, se necessário, o melhor tipo para o seu caso.

– Já ouviu falar na batata Yacon? Estudos demonstram que essa batata auxilia no controle glicêmico.

– Procure incluir alimentos fonte de gorduras boas como azeite, castanhas e abacate, além de peixes ricos em ômega 3 como a sardinha por exemplo.

– Inclua porções de frutas ao longo do dia, procure acompanha-las de algum tipo de fibra como farelo de aveia ou linhaça por exemplo.

– Consuma frutas inteiras ao invés do suco e quando for consumir sucos, que sejam diluídos em água.

– Não se esqueça de colorir o prato com vegetais! Pois além de ricos em fibras, eles possuem diversas vitaminas e minerais.

– Fique atento para não colocar muito sal na comida, procure temperar com ervas, cozinhe os alimentos no vapor, assados ou grelhados e quando for refogar, use panela anti-aderente assim você não precisará utilizar muita gordura.

– Hidrate-se! Beba oito copos de água por dia, ou o mais próximo disso que conseguir.

Alguns alimentos não são bacanas para a dieta de um diabético. Esses devem ser evitados e até restritos, como por exple:

Produtos ultraprocessados em geral (já falei sobre essa classificação de alimentos na matéria sobre hipertensão.

Carboidratos refinados, ou seja, aqueles que passaram por processo de refinamento e perderam suas fibras. Opte pela versão integral, essa é a mais interessante para diabéticos.

Alguns desses alimentos são: pães e massas como macarrão por exemplo.

– Evite gorduras saturadas em geral, bebidas alcoólicas, refrigerantes, embutidos, temperos e molhos prontos.

Lembre-se sempre da comida de verdade, aquela que você sabe de onde vem e que não precisa de caixinha nem de latinha.

Alimentos diet estão liberados?

Isso depende de muito fatores, a classificação de alimento diets por exemplo não significa que eles sejam necessariamente saudáveis.

Ele pode ser sem açúcar, mas conter um teor maior de gordura, então não caia nessa!

Leia os rótulos e é sempre bom conversar com o profissional que te acompanhe para saber o que se encaixa no seu caso.

Se informe, se cuide e mantenha seu futuro todo bem!

Mas me conte, de que lado você sente dor lombar? Direito ou esquerdo?

Paulo-Santos
Dra. Tainá da S. B. Manzatto

Sou a Tainá, nutricionista formada pelo CEUNSP e pós-graduada na área clínica.
Agora minhas buscas por conhecimento me trouxeram para a Austrália, onde continuo me dedicando a minha paixão por alimentação, saúde e tudo que permeia nossa relação com a comida. A escrita é um amor antigo que me acompanha desde sempre e poder unir as duas coisas é incrível.
Também bailarina clássica, amante de viagens, livros, comida, bom papo e café. Vai ser um prazer dividir conhecimento com vocês!