Nessa matéria você vai entender sobre esteatose hepática, ou como é mais conhecida, gordura no fígado, a doença que já atinge 30% da população e que parece andar de mãos dadas com a diabetes.
Você vai entender o que a gordura no fígado tem a ver com a diabetes e vou dar 15 dicas para te ajudar a tratar um fígado gorduroso.
A importância do fígado
O fígado é um órgão de máxima importância para a nossa digestão!
Ele armazena e faz o metabolismo de diversos nutrientes e entre eles, um de que sempre falo por aqui que é a glicose.
Nós temos estoques de glicose nos músculos e no fígado, que por sua vez libera esses estoques quando temos necessidade.
Além disso, o fígado vai trabalhar para eliminar adequadamente as toxinas, além de armazenar vitaminas, participar da digestão de gorduras, sintetizar o colesterol, metabolizar medicamentos e vários outros processos.
Como essa gordura foi parar no fígado?
Você provavelmente estava lá vivendo sua vida, fez exames de rotina e de repente recebeu o diagnóstico de gordura no fígado.
A pergunta que pode estar povoando a sua mente é: Como essa gordura foi parar aí?
Normalmente pensamos na gordura que a gente consegue ver, aquela que a gente dá uma apertadinha na frente do espelho.
Mas você já parou para pensar naquela que você não consegue ver?
Pois é, se você pudesse olhar seu corpo por dentro, de acordo com a sua alimentação, atividade física e rotina geral, como você pensa que as coisas estariam?
Bem, o que acontece para que o fígado fique gorduroso é bem simples de entender. Num caso de gordura no fígado ocorre uma infiltração de gordura dentro das células do fígado.
Gordura no fígado – Fatores de risco
Bem, o que acontece para que o fígado fique gorduroso é bem simples de entender. Num caso de gordura no fígado ocorre uma infiltração de gordura dentro das células do fígado.
Essa infiltração pode acontecer pelos mais diversos motivos e a Sociedade Brasileira de Hepatologia divide os fatores de risco para o desenvolvimento de gordura no fígado em 2 níveis. Confira só:
Fatores de risco para desenvolver esteatose hepática:
Primários
- Obesidade e sobrepeso com obesidade central (gordura acumula na região do abdômen, a famosa barriguinha);
- Diabetes mellitus;
- Dislipidemia (aumento do colesterol e/ou triglicérides);
- Hipertensão arterial.
Secundários
- Medicamentos
- Toxinas ambientais:
produtos químicos - Esteroides anabolizantes
- Cirurgias abdominais
A hepatite viral também pode colaborar para o desenvolvimento de gordura no fígado.
Falando mais especificamente da alimentação, dados da ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica – apontam que mais de 50% das pessoas no Brasil tem excesso de peso e é também um dos maiores problemas de saúde pública no mundo.
Até 2025 a estimativa é que tenhamos 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso no mundo e 700 milhões de pessoas obesas.
Quando falamos das crianças, a estimativa para crianças obesas, segundo o IBGE é de 15% de crianças obesas no Brasil.
O excesso de calorias consumidas e a má alimentação, a má qualidade daquilo que se come pode colaborar para o aparecimento de doenças como a esteatose hepática.
Gordura no fígado – Como acontece?
O médico hepatologista Dr. Tércio Genzini aponta que a forma mais frequente de gordura no fígado é aquela vinda em função da má alimentação.
Quando a gente come em excesso, frequentemente preferindo produtos que não são tão bacanas para a nossa saúde combinados á falta de atividade física, é um combo para o desenvolvimento do fígado gorduroso.
Pense assim, quando comemos em excesso e não gastamos essa energia e o corpo não tem o que fazer com ela, então ele acaba guardando.
No caso da esteatose hepática, ele acumula triglicérides dentro das células do fígado. Os números altos de triglicérides estão quase sempre ligados a uma diabetes mal controladas, isso tem uma razão.
É importante ressaltar que essa gordura em excesso pode ser depositada em vários órgãos e não somente no fígado, então perceba que é prejudicial para o corpo de maneira geral.
Fígado gorduroso
Estima-se que em torno de 20 a 30% das pessoas no mundo todo vivam com esteatose hepática. Isso é um número realmente assustador.
Esse processo pode acontecer em adultos, mulheres, homens, crianças, adolescentes e idosos e como falaremos mais adiante, existem fatores de risco para o desenvolvimento da gordura no fígado.
O fígado normal tem sim um pouquinho de gordura, assim como o corpo em si, tem também uma coloração específica. Os problemas e as alterações começam a aparecer com os excessos.
A cor é alterada com a presença da gordura, o que vai tornando o fígado mais amarelado, além disso ele pode aumentar de tamanho com a presença da gordura.
Também quero destacar para você que essa gordura não dá para ser simplesmente tirada do fígado. Ou seja, ter um fígado gorduroso e quase um caminho sem volta. Isso porque, como eu já comentei, essa gordura está dentro das células do fígado, o hepatócito.
Ela só vai sair com a sua mudança de hábitos alimentares, atividade física e estilo de vida.
Não existe um caminho fácil para voltar dessa situação, o paciente precisa ter força de vontade!
Gordura no fígado -Sintomas
Muita gente tem fígado gorduroso por anos e nem tem ideia. Isso só é possível porque os sintomas são silenciosos e isso pode ser perigoso.
Pois uma vez que você a tenha, essa é uma doença que não está sendo tratada, mas ao contrário, está progredindo.
Contudo, alguns sintomas podem sinalizar que algo não vai bem no fígado. Como por exemplo:
- Cansaço
- Abdômen
inchado - Fezes
mais claras que o habitual - Dor
de cabeça - Enjoo
- Vômitos
- Mal-estar
- Diarreia
Os exames
Ter os exames em dia é o que garante a sua saúde como todo. E para o fígado não poderia ser diferente.
Os exames que podem perceber que o fígado está gorduroso são ultrassom e enzimas hepáticas.
As enzimas hepáticas podem ser medidas no exame de sangue. Elas são mais conhecidas como TGO e TGP ou também podemos encontrar como AST e ALT.
Quando o fígado tem gordura excessiva, os valores dessas enzimas se alteram, então elas acabam servindo também para sinalizar outras instabilidades no organismo.
Gordura no fígado e Diabetes
Bem, vamos começar relembrando que a diabetes é uma doença metabólica ou seja uma doença que desestabiliza o organismo inteiro e não só uma parte separada.
Quando a diabetes faz aliança com a obesidade pode ser o combo perfeito para desenvolver o excesso de gordura no fígado.
Uma pesquisa realizada na Etiópia analisou 96 pacientes com diabetes tipo 2 e 76% deles apresentavam esteatose hepática.
A deficiência de insulina estimula o processo de lipólise no fígado, ou seja, a
falta de insulina dificulta a quebra de gordura, tornando o órgão mais gorduroso.
No meio dessa confusão, se você também colocar nessa conta a dieta e hábitos ruins do paciente, ou seja, alimentação, prática de exercícios físicos e etc, temos uma combinação fatal.
Essa vai com certeza ser uma pessoa com mais chances de ter o fígado gorduroso.
Vamos refletir
Infelizmente, hoje em dia é bastante comum que as pessoas encontrem refúgio para os problemas do dia-a-dia na comida. A partir daí acabam escolhendo alimentos preparados com mais açucares, gorduras e por aí vai.
Temos ainda o grupo de pessoas que mergulha tanto no trabalho que acaba por nunca ter tempo para atividades de lazer, se cuidar e prestar atenção em si mesmo.
Fugir não é o caminho. Eu não estou dizendo que você não pode comer coisas que você goste. Mas de todo modo é preciso ter consciência e equilíbrio.
É preciso se cuidar sempre! Esse é o melhor jeitinho de amar a si mesmo.
Quando você convive com uma doença principalmente. Ou você se cuida ou vive sempre com medo do que pode acontecer.
Mas deixe eu te contar uma coisa importante NÃO precisa ser assim. O primeiro passo e se conscientizar! Depois disso faça as mudanças que forem necessárias.
Então para te ajudar nessa empreitada, eu escrevi aqui embaixo as 17 dicas do que comer para tratar a gordura no fígado!
1 – Trabalhe o paladar
Facilmente ficamos viciados em sabores açucarados e gordurosos.
E com isso eu quero que se lembre daquele açúcar que você cafezinho até o leite por exemplo.
Normalmente você desenvolve esse hábito depois de muitos anos, então não vai ser de uma hora para outra que você vai se habituar a não adoçar mais as coisas. Esse é um bom exemplo de que na hora de comer você precisa fazer um exercício diário.
Então comece a trabalhar o paladar para sentir o sabor real das coisas.
2 – Fracione a alimentação
Tente fazer 6 refeições por dia, isso vai te ajudar a distribuir as refeições e não comer muita comida de uma vez só, além de fazer com que você tenha mais variedade na alimentação.
Mas tente comer pouco em cada refeição! As 6 refeições são:
- Café
da manhã - Lanchinho
da manhã - Almoço
- Lanchinho
da tarde - Lanchinho
da noite - Jantar
Dessa forma você comerá porções cada vez menores.
3 – Fibras!
As fibras de modo geral são uma mão na roda para quem quer comer de um jeito saudável, isso porque elas regulam o trânsito intestinal o que aumenta a sensação de saciedade e faz você comer menos.
Além disso com o trânsito intestinal regulado você gasta parte da energia vinda do alimento para digeri-lo.
Mas vamos falar da aveia por exemplo.
A aveia é rica em betaglucanas que diminuiem a absorção de gorduras, além de ajudar na saúde do intestino.
Mas claro, você pode e DEVE incluir as fibras mais variadas na sua alimentação.
4 – Castanha-do-Pará
A castanha-do-Pará é rica em selênio e esse mineral auxilia o fígado a trabalhar melhor na sua função de remover toxinas do organismo.
5 – Troque os refinados por alimentos integrais.
Os alimentos integrais são aqueles que não sofrem modificação na as estrutura durante a viagem da natureza para a sua mesa. Isso faz com que eles sejam muito mais ricos em nutrientes.
6 – Cúrcuma
A cúrcuma tem ação hepatoprotetoras, isso significa que ela protege as células do fígado a fazer funções como a de impedir que substâncias tóxicas no organismo ou a de impedir inflamações, além de muitos outros.
A cúrcuma é uma das principais na lista de alimentos antioxidantes como a minha colega, a fisioterapeuta Iracema escreveu na sua matéria falando sobre a artrite e a canela de velho.
7 – Evite temperos prontos
Procure optar pelos temperinhos naturais como tomilho, alho, gengibre, sálvia e loureiro. Você pode até fazer uma hortinha com aqueles que você mais utiliza, bem para o corpo e para a mente.
8 – Vegetais verde escuros
Aqui eu estou falando de couve, brócolis, espinafre, rúcula, escarola…nós temos muita variedade enorme dessa tipo de vegetais, para você incluir na sua rotina.
Esses vegetais estimulam o fluxo biliar, que é o que justamente o que elimina as toxinas e gorduras.
Mas nem por isso você deve se esquecer dos outros vegetais, está bem? Lembre-se sempre “variedade é a chave”.
9 – Ômega 3
O ômega 3 é um poderoso anti-inflamatório e vai ajudar com a saúde do fígado. Você pode encontrá-lo no salmão, na sardinha e na linhaça por exemplo. Além de muitos outros é claro.
Mas aqui fica um lembrete, quando for preparar seu peixe, prefira consumi-lo assado, cozido ou grelhado. Evite o peixe empanado e frito, estamos tentando evitar toda a gordura ruim.
10 – Prefira os desnatados
Falando de lácteos – leite e iogurte, procure optar pela versão desnatada, ou seja, aquela com menor teor de gordura.
Falando de queijos, procure optar também por queijos menos amarelos que também são os que tem menor teor de gordura.
11 – Evite bebidas alcoólicas
Como eu já falei anteriormente aqui, é o fígado quem cuida do álcool que ingerimos, então se você está com esteatose hepática, não exagere nas bebidas alcoólicas.
Se possível, não consuma.
12 – Evite consumir doces em excesso
Isso já é regra para você diabético, mas o excesso de glicose ajuda a aumentar os níveis de triglicérides e isso vai agravar mais ainda a esteatose hepática.
Por isso é que a gordura no fígado parece andar de mãos dadas com a diabetes.
13 – Probióticos
Os probióticos vão te ajudar na eliminação do colesterol e isso é benéfico, porque dessa forma é que se controla a quantidade de LDL-colesterol, popularmente conhecido como “colesterol ruim”, e assim você controla a quantidade de gorduras.
Os probióticos podem ser encontrados em leites fermentados e iogurtes por exemplo, ou você pode conversar com seu nutricionista para verificar a necessidade/possibilidade de suplementação.
14 – Evite as gorduras saturadas e gorduras trans.
Eu sempre digo por aqui que a gente não deve ter medo de consumir gorduras e é verdade, pois nosso corpo precisa delas.
Mas eu falo das gorduras boas, como por exemplo: do azeite, do abacate, óleo de linhaça e das castanhas.
Quanto às gorduras saturadas e trans (tipo de gordura encontrada em sorvetes industrializados e bolachas por exemplo), fique atento e procure evitá-las.
Lembre-se sempre do equilíbrio, nem mesmo as gorduras boas devem ser consumidas exageradamente. Tudo em excesso faz mal.
Por isso é que um plano alimentar pensado para você é tão importante.
15 – Evite industrializados e ultraprocessados.
Eu expliquei tudo sobre os alimento in natura (aqueles que sofrem poquíssimas alterações depois de tirados da natureza) na minha matéria falando sobre a hipertensão! Dê uma olhadinha lá!
16 – Evite embutidos
E quem são os alimentos embutidos mesmo?
Presunto, mortadela, salsicha, lingüiça
Esse produtos são riquíssimos em sódio e aditivos como nitritos e nitratos que são péssimos para a nossa saúde em geral e para o fígado muito mais ainda.
17 – Beba água!
A água ajuda a produzir o suco que dissolve as gorduras no fígado. Inclusive houve um boato de que beber água gelada por causa infarto, mas isso é mentira!
Beba no mínimo 2 litros de água por dia! Isso só ajuda
Eu preciso de detox?
Um corpo saudável já faz seu detox naturalmente, o fígado e os rins trabalham muito para isso.
Uma alimentação adequada e equilibrada já vai auxiliar seu organismo a eliminar as toxinas e desempenhar corretamente as funções dele.
As bebidas detox vão com certeza ajudar no processo de desintoxicação. Mas você não pode tomar apenas atitudes de curto prazo.
Invista na conscientização e mudança de estilo de vida necessárias, não tape o sol com a peneira, porque pode ser até pior.
Na prática
Se você recebeu o diagnóstico de fígado gorduroso, o que vai acontecer agora é:
Você vai ter que mudar a sua alimentação, praticar exercícios e seguir as demais orientações do seu médico COM FORÇA DE VONTADE.
Dessa forma
você vai evitar a progressão da doença, vai melhorar e ainda prevenir possíveis
problemas futuros.
Sou a Tainá, nutricionista formada pelo CEUNSP e pós-graduada na área clínica.
Agora minhas buscas por conhecimento me trouxeram para a Austrália, onde continuo me dedicando a minha paixão por alimentação, saúde e tudo que permeia nossa relação com a comida. A escrita é um amor antigo que me acompanha desde sempre e poder unir as duas coisas é incrível.
Também bailarina clássica, amante de viagens, livros, comida, bom papo e café.
Vai ser um prazer dividir conhecimento com vocês!