Neuropatia diabética: Nutricionista explica como tratar com a comida!

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médico enfaixando o pé de paciente mulher com pé diabético

As complicações da neuropatia diabética são conhecidas popularmente como “pé diabético”. Nessa matéria eu vou te explicar sobre essa doença que atinge 60% dos diabéticos.

O que é? Como acontece? Como saber se eu tenho? E o mais importante como me tratar e como se prevenir?

Para conseguir as respostas para todas essas perguntas leia a matéria completa!

O maior medo dos diabéticos

Quem convive com a diabetes sabe que vários sistemas dos nossos organismos podem ser afetados com a doença.

Acredito que um dos maiores medos que todo diabético enfrenta é o de sofrer uma amputação.

Isso porque o pé diabético é responsável por até 70% das amputações que não são causadas por acidentes traumáticos.

Pouca gente sabe, mas o pé diabético é o resultado de um estado avançado e perigoso da neuropatia diabética.

Mas até chegar nesse estágio da doença o corpo dá vários sinais para que você se atente e tome cuidado. E com a diabetes nada acontece e por acaso. Na maioria das vezes, as tribulações são consequências da falta de atenção com a saúde.

Eu vou desvendar para você, o que acontece no caso da neuropatia.

O que é a Neuropatia diabética

Primeiro, vamos destrinchar esse nome tão complicado! Neuro vem do grego e significa nervo e patia significa doença. Traduzindo de forma grosseira neuropatia seria o mesmo que “doença do nervo”.

No nosso caso em específico essa doença nos nervos é causada pela diabetes.

Para ajudar aqueles que não conhecem muito sobre esse universo o meu colega neurologista Dr. William Rezende explica assim:

“Os nervos são uma extensão de tecido biológico que é uma extensão do sistema nervoso central e forma uma faixa, uma fiação elétrica para conduzir os sinais nervosos para comandar os músculos como também para pegar sinais periféricos para levar ao cérebro.”

Com essa rica explicação ele quer dizer que os nervos são mensageiros do cérebro que se comunicam com o corpo inteiro.

Durante um quadro de neuropatia diabética esses nervos começam a ter falhas de comunicação e essa falha gera os sintomas que vão variar dependendo da região do corpo em que a falha estiver acontecendo.

Como a neuropatia diabética acontece

Imagine o seguinte, andando pela sua casa você topa com o dedinho em algum móvel! Ai! É muito doido, certo?

Quando isso acontece um músculo do seu dedo grita bem claramente para o cérebro:

“Ei! Estamos com dor aqui embaixo, faça alguma coisa.” Então instintivamente você cuida do dedinho até que a dor acabe.

Essa é uma relação normal entre músculo e o cérebro! Porém em um caso de neuropatia é como se na hora de mandar a mensagem para o seu cérebro o seu músculo começasse a falar em uma língua desconhecida.

Por isso a dor é entendida de uma maneira diferente e você não dá tanta importância para pancadas que podem levar a feridas que por conta da circulação ruim, podem levar até a necrose.

A necrose é a morte de um grupo de células que, em estágio muito avançado, leva a amputação.

A Sociedade Brasileira de Diabetes afirma que a neuropatia diabética é a complicação crônica mais comum e incapacitante da diabetes.

O que é afetado pela neuropatia diabética

Seria tudo muito simples se já no começo da neuropatia a gente já soubesse o que está acontecendo, seria o suficiente para que déssemos ao caso a devida atenção.

O maior problema que a comunidade médica enfrenta é que os sinais dessa doença são muito leves até que o quadro fique grave de verdade.

Quando falo com alguém sobre essa situação é automático que todo mundo pense nos pés e nas mãos como zona de risco. Mas infelizmente a neuropatia diabética acontece em diversos órgão do corpo e de formas diferentes.

Deixe-me explicar sobre os tipos de neuropatia e como acontecem.

Neuropatia Autonômica

Para levantar o braço, o seu cérebro precisar comandar esse movimento. Mas, na maioria das vezes, você pisca os olhos automaticamente, certo?

Pois bem, movimentos como o piscar de olhos são conhecidos por nós médicos como “movimentos involuntários” eles fazem parte do sistema autônomo.

A neuropatia atinge esse sistema. Infelizmente o piscar dos olhos não é o único movimento desse sistema. Também fazem parte dele, as batidas do coração, a digestão, a contração da bexiga e por aí vai.

Amiotrofia Diabética

Aqui os sintomas acontecem nos nervos da coxa, nádegas (bumbum), quadril e pernas.

Essa complicação é mais frequente em diabéticos do tipo 2 e pessoas idosas, é o que o doutor José Medina da APDP (Associação Protetora de Diabéticos de Portugal) explica.

Mononeuropatia

Mono, como todo mundo sabe, significa “um”. Nesse caso, todo aquele problema de comunicação com o cérebro acontece com um nervo só. Tudo concentrado.

O mais complicado é que esse nervo pode ser na face, no tronco ou nas pernas. E por concentrar o problema, as dores são bem intensas.

Neuropatia Periférica

Essa aqui é o tipo mais comum entre os diabéticos.  A palavra “periférica” quer identificar as extremidades do corpo, que são as mãos, os pés, os dedos e por aí vai.

Quanto mais na extremidade o nervo estiver mais ele é afetado.

Para pensar de um jeito prático você pode imaginar uma árvore. Quando mais longe do tronco, mais os ramos e os galhos vão ficando delicados e por isso são mais frágeis.

Normalmente a árvore fica saudável e firme, mas no caso de um parasita esses raminhos são os primeiros a serem danificados.

Neuropatia periférica atinge as extremidades do corpo. Com os galhos de um árvore são frágeis os pés e as mãos também são.
Neuropatia periférica atinge extremidades do corpo. Membros como as mãos e os pés.

Os sintomas da neuropatia periférica são:

  • Formigamento
  • Dor e incômodo (queimação, choque)
  • Sensibilidade extrema, causando uma dor por algo que nem seria tão doloroso assim
  • Sensibilidade ao toque podendo causar dor
  • Pontadas, agulhadas
  • Dormência
  • Sensação de frio
  • Câimbras

Se a doença não for diagnosticada, ela vai evoluir. O que antes só afetava a ponta dos dedos, pode afetar mais áreas e até um membro inteiro.

O musculo enfraquece e perde a força por todo esse dano que está sofrendo.  Com isso as atividades do dia a dia ficam complicadas. Por isso a neuropatia periférica é uma das complicações mais incapacitantes da diabetes.

Pé Diabético

Esse nome está na ponta da língua de todo diabético. O perigo da amputação, na maioria das vezes, é fruto de maus cuidados com um caso de pé diabético.

Esse é um estágio avançado da neuropatia periférica. O que acontece nesse caso são feridas difíceis de cicatrizar e que com o passar do tempo vão piorando.

A falta de tratamento leva a amputação.

O pé diabético é a principal causa de internação de pacientes diabéticos e um dos problemas mais graves é o desenvolvimento de úlceras na parte de baixo dos pés.

A OMS prevê que até 2030 o mundo tenha em torno de 550 milhões de diabéticos e 25% deles com complicações nos pés.

Os cuidados com o pé diabético

O cuidado com o pé diabético requer uma equipe multidisciplinar, ou seja, médicos com especialidades diferentes. É muito mais do que trocar curativos.

Se lendo essa matéria você percebeu que pode estar sofrendo com o pé diabético, eu fiz uma pequena lista de cuidados que você precisa receber sua atenção imediata.

  • Usar calçados adequados; nada que aperte muito, ou fique batendo nos seus pés.
  • Ter uma rotina higiene com os pés; Depois do banho seque os pés direitinho, faça escalda pés.
  • Os pés devem ser examinados pelo médico e equipe com frequência e o que vai determinar essa frequência é o tamanho do risco que seu pé está correndo.
  • Observar os pés, para identificar se há alguma mudança.
  • Exames laboratoriais, para verificar como anda a cicatrização.
  • Fazer todo o tratamento da diabetes, com fidelidade. Isso é muito importante para prevenir e tratar essa e outras complicações da diabetes.
  • Cuidar da alimentação; aqui no blog, gostamos muito de tratar a alimentação como a saída para se livrar das complicações da diabetes. E você já vai saber o porquê.

Solução

Tratamento da Neuropatia Diabética

Doutora, tudo isso era só para me assustar? Não meu amigo.

Veja bem, meus esforços como pesquisadora e profissional da saúde são inteiramente voltados para atender dois objetivos 1º Te educar 2º Te curar.

Parece simples falar, mas para que eu alcance esses objetivos que para mim são tão importantes, você e eu precisamos trabalhar em equipe.

Para alcançar a cura e uma vida saudável e feliz você precisa se informar, e não basta jogar o conhecimento fora, você precisa aplicá-lo.

Enquanto meu objetivo é a educação que cura. O seu tem mais uma etapa antes da cura. A prática. Você precisar se educar, depois praticar e por último é que a cura acontece.

A alimentação e neuropatia diabética

Uvas roxas e verdes frescas closup

Frequentemente bato na tecla da alimentação porque minha formação como nutricionista só aconteceu porque eu reconheci a comida como um delicioso e eficaz remédio.

Eu digo e repito, existe sim um tratamento para diabetes e 80% dele está na forma como você escolhe comer.

Mas doutora, isso significa que o tratamento está nas minhas mãos?

Sim, está! Mas não se aflija porque isso é ótimo! Você é o personagem principal na história da sua cura. Exagero nos remédios trazem muitos efeitos colaterais, você sabe por quê?

Remédios usam químicas que são produzidas naturalmente no nosso corpo. Só que aumentam elas em doses cavalares. Quando o efeito o remédio passa o corpo sente falta de toda aquela química. Toda ação, tem uma reação.

Mas veja bem, eu não estou dizendo para você parar de tomar todos os seus remédios. Na medicina tudo tem que ser feito com cuidado. Você precisa de conselho médico para tudo o que for fazer!

Mas sim, eu estou dizendo que tem outros caminhos menos dolorosos e mais poderosos que a medicação.

A doutora Michelle MC Mackem fez um estudo para o Journal of Geriatric Cardiology da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, veja só o que ela diz nele:

“Pelo menos dois pequenos estudos mostraram que uma dieta baseada em vegetais pode melhorar a dor neuropática do diabético.”

Parece pouco? Não é não, olhe só como ela completa o pensamento:

“Um recente estudo […] também demonstrou como uma dieta baseada em vegetais pode efetivamente tratar a neuropatia diabética”

Caso queira você pode ler a matéria completa, mas acredito que já esteja convencido!

Mas, você deve estar se perguntando, afinal o que é uma dietabaseada em vegetais?

Dieta Plant- Based

Dieta baseada em vegetais. Mulher com as mãos sobre um balcão atrás de um smothie ou suco verde delicioso.

Plant-based significa “baseada em vegetais” traduzindo do inglês. A doutora Michelle é

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uma entre milhares de profissionais que indicam essa dieta justamente porque os benefícios de aderir essa dieta são incríveis

Uma das nutricionistas adeptas a doutora Alessandra Luglio explica que a dieta pode incluir: frutas, verduras, cereais, leguminosas, sementes, castanhas e cogumelos.

A alimentação baseada em vegetais e com alimentos minimamente processados normalmente tem alto teor de fibras e antioxidantes, que aumentam sua sensibilidade à insulina.

A perda de peso também é um benefício porque as células de gordura diminuem. E eu já comentei por aqui no blog, a obesidade está diretamente ligada a diabetes.

Leia a matéria diabetes e peso corporal.

Os pesquisadores da East Carolina University–Nutrition Science chegaram à conclusão de que com dieta vegana (sem nenhum componente de origem animal) e suplementação de vitamina B12 reduziu o risco de dores na neuropatia diabética.

Nos testes O nível de dor caiu 9 pontos em apenas 20 semanas. Além desse eles notaram outros benefícios como a diminuição do IMC, da pressão arterial e do colesterol.

Dica da Nutri

Além da alimentação, que é o principal caminho de tratamento, a acupuntura pode ser sua aliada contra a dor.

A mestre Claudia Pereira apresentou como tese um trabalho que mostra que uma grande porcentagem de pacientes que reclamavam de dor no início do estudo melhorou em relação aos que não receberam tratamento com acupuntura.

Bem se sabe que a acupuntura tem milhares de benefícios físicos e psicológicos para quem a usa. Vale a pena tentar!

Por fim

Para finalizar essa parte do nosso caminho em direção a descoberta eu gostaria de te lembrar!

Nossa intenção como profissionais de saúde não é te assustar. A medicina moderna está trabalhando com prevenção como principal ferramenta.

Essa é uma das razões pela qual os números de expectativa de vida aumentaram tanto, especialmente aqui no Brasil.

É possível viver muito bem e por muitos dias. Nesse momento a maioria das pessoas acreditam que envelhecer é igual a ficar doente. Eu e vários outros profissionais estamos aqui para te dizer, isso não precisa ser verdade!

Se cuidar hoje, significa viver feliz amanhã!

Você tem dúvidas sobre diabetes? Conte aqui para mim! Vou adorar pesquisar mais para te ajudar!

Paulo-Santos
Dra. Tainá da S. B. Manzatto

Sou a Tainá, nutricionista formada pelo CEUNSP e pós-graduada na área clínica.
Agora minhas buscas por conhecimento me trouxeram para a Austrália, onde continuo me dedicando a minha paixão por alimentação, saúde e tudo que permeia nossa relação com a comida. A escrita é um amor antigo que me acompanha desde sempre e poder unir as duas coisas é incrível.
Também bailarina clássica, amante de viagens, livros, comida, bom papo e café. Vai ser um prazer dividir conhecimento com vocês!